Onda de assaltos a farmácias em SP, tendo como alvo as canetas emagrecedoras

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O dia 15 de outubro de 2025 em São Paulo foi profundamente marcado por uma onda crescente de assaltos a farmácias, com foco particular em canetas emagrecedoras, medicamentos de alto custo que têm despertado grande interesse no mercado ilegal da cidade. A ação dos criminosos, segundo relatos e investigações policiais, envolveu pelo menos quatro invasões simultâneas ou sequenciais em estabelecimentos na zona sul da capital paulista, especialmente nos bairros Campo Limpo, Brooklin e Umarizal.

Em uma das ocorrências mais graves, um grupo de oito criminosos armados atacou duas farmácias localizadas na Estrada do Campo Limpo. Essa quadrilha se dividiu para executar os roubos simultaneamente, mantendo funcionários e clientes como reféns durante a ação. Em uma das farmácias, um tenente aposentado do Exército tentou reagir ao assalto, levando a uma troca de tiros que resultou em ferimentos tanto para ele quanto para um dos assaltantes, um adolescente de 17 anos, que acabou morrendo. Outro farmacêutico se machucou ao tentar fugir do local. No estabelecimento vizinho, os assaltantes fugiram ao perceberem o tiroteio, evitando essa investida. Essas ações demonstram a escalada da violência e da ousadia dos criminosos nas operações destinadas a produtos específicos, como as canetas emagrecedoras.

Pouco depois, na Avenida Padre Antônio José dos Santos, no bairro do Brooklin, outro roubo foi registrado. Dois indivíduos invadiram a farmácia e roubaram uma grande quantidade de canetas emagrecedoras e medicamentos injetáveis de alto custo. A ação foi interrompida pela Guarda Civil Metropolitana, que prendeu os suspeitos em flagrante após perceberem movimentação suspeita. Durante essa ação, quatro funcionários foram feitos reféns e sofreram agressões e foram mantidos trancados em uma sala, o que agrava ainda mais o quadro da violência contra trabalhadores do comércio local.

A motivação clara para esses ataques está no valor elevado dos medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic e similares, que são altamente procurados no mercado paralelo e vendido a preços altíssimos. A comercialização ilegal desses produtos gera enorme lucro para quadrilhas especializadas, o que explica o crescimento dos roubos em farmácias. O crime organizado explora a vulnerabilidade das redes de distribuição e a demanda crescente de consumidores por esses medicamentos, potencializada pela dificuldade de acesso legal em várias regiões.

As autoridades relatam que não foram casos isolados. Em 2025, dezenas de prisões já foram efetuadas relacionadas a furtos e roubos direcionados a esses produtos na capital e região metropolitana. A recuperação de medicamentos furtados soma valores expressivos, mas ainda assim é insuficiente para conter o avanço dos crimes que comprometem a segurança dos estabelecimentos comerciais e a integridade física de funcionários e clientes. O caso do tenente do Exército ferido evidencia o grau de resistência que o crime encontra e o potencial de escalada da violência.

Além das perdas financeiras que as farmácias enfrentam, o impacto social se reflete na sensação de insegurança que ronda trabalhadores e consumidores em estabelecimentos que deveriam ser locais de cuidado e saúde. Funcionários relatam medo crescente e adoecimento emocional diante da exposição a situações de violência extrema, o que demanda também políticas públicas para proteção desses profissionais.

A Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública intensificaram as investigações, utilizando imagens de monitoramento, depoimentos de vítimas e abordagens em pontos suspeitos. Veículos usados nos roubos foram apreendidos, muitos com sinais de adulterações, o que indica o envolvimento de quadrilhas armadas e organizadas. A continuidade das ações policiais tem como objetivo desarticular essas redes criminosas e diminuir a incidência dos assaltos.

O fenômeno dos assaltos às farmácias para roubo de canetas emagrecedoras não é apenas um problema de segurança, mas revela também aspectos do sistema de saúde suplementar, comércio farmacêutico e um mercado paralelo que movimenta cifras elevadas. A alta procura por medicamentos de emagrecimento, associada à limitação do acesso a tratamentos regulamentados, cria um ambiente propício para o crescimento desse tipo de crime. Isso requer uma abordagem integrada que envolva fiscalização sanitária, policiamento e políticas públicas de saúde.

As farmácias na zona sul têm sido as mais afetadas, provavelmente por sua localização em áreas de alta circulação e demanda por produtos caros, mas esse problema pode se espalhar para outras regiões se não houver controle rigoroso. A população é convocada a redobrar a atenção, denunciando movimentos suspeitos e evitando, sempre que possível, o consumo de produtos fora dos canais oficiais de comercialização.

O 15 de outubro de 2025 ficará marcado em São Paulo como um dia em que a crise da segurança pública em estabelecimentos comerciais de saúde atingiu um pico expressivo. As ações criminosas de alto impacto contra as farmácias e a busca por canetas emagrecedoras refletem a complexidade dos desafios da criminalidade moderna, que alia o interesse financeiro ao uso crescente da violência.

Em meio a essa realidade, a reação das forças policiais, o empenho na investigação e a resposta das redes de proteção aos trabalhadores mostram que a segurança pública enfrenta um momento delicado, com necessidade de políticas ampliadas e maior articulação entre os diversos setores governamentais para enfrentar essas ameaças.

Esse episódio também reforça a demanda por políticas que combatam o mercado ilegal de medicamentos e garantam acesso mais amplo e seguro às terapias legítimas para emagrecimento, reduzindo o espaço para o comércio paralelo que incentiva o crime e compromete a saúde pública.

Assim, o episódio revela que o problema não é apenas de ordem policial, mas de saúde pública, assistência social e delicada articulação regulatória, mostrando o quanto temas que envolvem segurança, saúde e economia estão interligados e devem ser enfrentados em conjunto para garantir um ambiente mais seguro para o cidadão e para os profissionais de saúde e comércio que atuam diariamente neste setor vital para a população.

Marcelo Henrique de Carvalho

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